Eu não estava feliz. Minha vontade era de sumir.
Foi a duas semanas que esta tortura começou, e desde lá minha vida veio decaindo no mais profundo poço. Era o primeiro dia de aula na escola Luiz Pedro Carvalho quando o professor de geografia gostaria de conhecer todos os alunos novos e apresentar os antigos.
Sou extremamente tímida, no momento um nó na garganta se formou, estava sentada na segunda carteira da quarta fileira, minha sala teria aproximadamente uns quarenta alunos. O que eu iria dizer? No cantinho da folha do caderno escrevia algumas coisas sobre mim, se na hora eu esquecesse era só ler. Chegou a minha vez. Os pés começaram a suar gelado, olhei fixamente para o professor quando ele falou:
-- Quem é você jovem?
Por um instante parei e refleti, a pergunta era pior do que eu imaginara, o que eu iria dizer se tudo aquilo que pensei não tinha mais cabimento em falar. Foi ai em que disse as seguintes palavras:
-- Elize Pattori, 16 anos. Terminei dizendo com um leve sorriso.
O professor me olhou dando alguns risos e perguntou novamente:
-- Diga-me mais, fale da sua personalidade! Olhei para os lados e todos me olhavam fixadamente, me sentia insegura. Demorei um bom tempo até que uma voz vinda do fundo ecou pela sala.
-- Resumindo! Ela não passa de nada.
Esse seria o que podemos chamar do "gostosão" da turma aquele que se acha tanto mais ele que na verdade é absolutamente nada. Não me deixei abater, mais meus olhos não conseguiram conter algumas gotas de lágrimas. Ignorei. O professor acalmou a situação e disse baixinho:
-- Seja bem vinda! Está tudo bem? Não ligue para ele. A aula continuou com ele explicando sobre relevos e cadeias montanhosas.
No meio da aula refletia - Quem sou eu realmente? Eu não tinha caracter, personalidade, identidade muito menos RG. Eu era mesmo um nada. Sou um grão de areia que o vento leva.
Cheguei em casa entrei no banheiro liguei o chuveiro e esperei a água esquentar. Enquanto a água escorria pelos meus cabelos me sentia estranha e triste. Sai do banho bati a porta do quarto com força e lá fique trancada por horas lendo um livro do Ziraldo. O meu refugio eram as palavras escritas em um pequeno caderno com folhas amareladas e um cheiro que só o bom leitor pode sentir. Ao ler um livro eu criava o meu mundo, e a minha imaginação era a coisa mais preciosa.
Cheguei a uma conclusão de que não há identidade definida, nós nunca vamos descobrir isso, mas nós podemos construí-la vivendo cada dia com atitudes e ações, eu tenho vários sonhos um deles é de descobrir quem eu sou ao longo da minha vida.
Eu não desisti. Eu vou permanecer até o fim.
Ana Carolina Delpoio
eu amei me identifiquei .
ResponderExcluirpassa la
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